Mariáh Pimenta
Nossa dedicação é para quem você mais ama
Sou pedagoga por formação e há quinze anos lecionava em uma escola, quando engravidei. Ao voltar da licença-maternidade, perdi minhas duas salas. Fiquei desestimulada e resolvi abandonar a área da educação. Na época Mariáh, minha filha, estava com seis meses.
Sempre tive facilidade com vendas e foi então que minha comadre me indicou a um conhecido que produzia bodies para bebês. Este me ofereceu uma representação comercial. Resolvi tentar e comecei do zero.
O negócio foi dando certo, os clientes aumentando, pois fui ganhando a confiança de todos, não tinha preguiça para atendê-los, sabia que nem sempre a venda acontece num primeiro contato, mas sempre fui perseverante e desta forma a história progrediu.
Em contato com clientes e pessoas fui sendo indicada a outras empresas e as representadas se multiplicaram (eram sapatinhos, enxovais, roupinhas e acessórios; sempre para bebês). Mas havia “uma marca” que significava grande porcentagem das minhas comissões. Até que um belo dia, anunciado por meses, essa tal “marca” faliu e a empresa fechou me devendo um valor muito alto, o qual nunca consegui reaver. Fiquei em desespero e quase adoeci, afinal, grande parte da minha renda vinha dali.
Foi então que decidi parar de chorar, sacodi a poeira e resolvi me mexer e fazer o que sempre me encantou: tricô para bebês.
Lá estava eu começando do zero novamente!
Dinheiro eu não tinha, mas tinha um sonho. Pesquisei e descobri que na cidade de Monte Sião em Minas Gerais havia muitas confecções de tricô. Pensei: “Deus há de colocar a pessoa certa no meu caminho!”
Mal sabia o caminho. Munida de um mapa e acompanhada da minha mãe e da Mariáh segui rumo à Monte Sião. Naquela época, 2005, eu não tinha tanta intimidade assim com a internet.
Bati de porta em porta e recebi vários “nãos”. Até que me indicaram uma empresa que aceitou fazer amostras de algumas peças de bebê do jeito que eu desejava.
Rita, a dona da confecção, fez exatamente o que eu pedi. Fiz meu primeiro pedido sob encomenda, reativei antigos clientes e vendi tudo! A partir daí continue a vender tricô e não parei mais.
Percebendo que o negócio estava crescendo, minha tia e minha mãe resolveram financiar um showroom que foi montado na minha própria casa. O espaço era apertado, mas agora havia um espaço para mostrar minhas coleções e receber os clientes.
Trabalhei muito, muitas madrugadas...
Fazia de tudo: criava, cuidava da produção, vendia, atendia os clientes e entregava também...ufaaaa!
Até então eu ainda não tinha formalizado a empresa, tinha medo da burocracia e de não conseguir arcar com os impostos e encargos que a formalidade exigia.
Foi então que meu irmão Matheus, competentíssimo profissional de administração, viu que era muito trabalho e pouco retorno financeiro e resolveu me ajudar. Passamos um Carnaval reunidos com todos os papéis, documentos, extratos, pedidos e descobrimos débitos de muitos clientes, contas desordenadas e falta de planejamento.
Organizamos todas as contas e ele percebeu que o negócio era viável e promissor e então meu irmão virou meu sócio.
Tiramos a empresa da minha casa, alugamos um espaço no prédio onde estamos até hoje (agora com duas salas), formalizamos a empresa que em homenagem à minha filha passou a se chamar Mariáh Pimenta (pimenta porque é uma característica de sua personalidade, é muito determinada).
Hoje temos uma marca reconhecida no mercado!
Eu continuo criando, acompanhando a produção, vendendo (amo!) e meu irmão cuida do planejamento e da administração do negócio. Eu trabalho direto no negócio e ele trabalha à distância.
A empresa cresceu e se estruturou. Hoje, além dos terceirizados, temos cinco funcionários internos e que considero minhas joias. São sérias, comprometidas, empenhadas e ponta firme! Temos um ambiente de trabalho harmonioso, do qual faço questão, pois minha empresa é a extensão da minha casa e de quem trabalha nela. Todas me ajudam, conversamos muito, conto sempre com elas e elas comigo. Hoje todas têm participação nos lucros e faço questão de pagar tudo o que é de direito dos funcionários e alguns agradinhos mais! Acredito que trabalhamos muito melhor quando temos um ambiente sadio e por isso não tenho problemas com faltas, pois todas vestem a camisa da empresa.
Nosso grande diferencial além da excelência no acabamento são as cores fortes, fugindo das cores padrões para bebês (uso muito azul marinho, vermelho e cores vivas). Uso fios de ponta, bordados manuais que hoje são relíquias e por isso valorizo muito as artesãs que me acompanham. Gosto muito de estudar e de novidades, conhecer feiras, exposições e numa dessas visitas a uma Feira de Designer conheci um algodão 100% orgânico e com pigmentação também orgânica. Uma super inovação que resultou em nossa primeira coleção produzida com algodão 100% orgânico: Mariáh Pimenta Orgânica.
A coleção é resultado de muita pesquisa, um bom investimento, muitos estudos e ajustes, pois é um fio com grande margem de encolhimento, nos obrigando a adequar todas as modelagens e muitos outros detalhes que fomos descobrindo através do ensaio e erro.
Até uma etiqueta especial foi desenvolvida para esta coleção, também 100% algodão e tingida respeitando todos os padrões de sustentabilidade.
Tenho clientes desde a época que era representante, cumpro com o meu compromisso, respeito muito o que meu cliente quer. Trabalho de forma honesta, entendo quando estes têm problemas e procuro ajudar porque eu também os tenho e sempre tive muita ajuda. O cliente é meu tesouro. Fidelizo cada um deles. Mais do que uma fornecedora procuro ser uma parceira.
Gosto de me relacionar com o meu cliente, conheço pessoalmente grande parte das lojas que possuem nossa marca por esse Brasil a fora! Hoje minha empresa cresce de 20% a 25% ao ano e minha meta é levar a Mariáh Pimenta para fora do país pois o produto tem qualidade, tem diferencial e é bordado a mão artesanalmente. Quero exportar!
Sou muito agradecida por tudo, inclusive pelas dificuldades porque aprendi muito com cada uma delas, mas não posso deixar de agradecer a três pessoas em especial. À Rita, amiga e parceira, pois sem ela nada seria como é hoje; ao Matheus, meu irmão que trouxe o profissionalismo à empresa e à Andréa, minha assistente, funcionária dedicadíssima e minha extensão.
A quem quer iniciar seu próprio negócio costumo dizer: Você quer? Então faça! Você pode muito mais do que imagina!...